Mas o que verdadeiramente me indigna é a mentira repetida ad nausem que nos estão a pregar. Dizem-nos Merkel e Mini Me que estamos a pagar por termos sido uns estroinas e que temos que seguir o caminho alemão: Conter salários, ganhar competitividade e passar a ter excedentes comerciais. Pois sabem os ditos senhores que isto é uma impossibilidade aritmética! Não é possível todos passarem a ter excedentes simultâneamente. Numa zona de comércio os défices de uns não são mais do que a contra-parte dos excedentes de outros e o que se está passando é mesmo isso: um conjunto de défices externos nos países periféricos que surgem como contra-parte dos excedentes dos países do centro e que perante uma arquitectura deficiente da moeda única se tornam num alvo apetecível do clamor dos mercados, senão atentemos no seguinte gráfico retirado do Krugman:

E como foi este excedente atingido pela Alemanha? À custa do salário dos trabalhadores alemães! Atentemos no relatório da distribuição de riqueza hoje divulgado pela OCDE:

Um aumento tremendo na diferença entre o rendimento dos mais ricos e o rendimento dos mais pobres.
É isto o que nos espera. É este o plano. É a isto que estamos a assistir com medidas como a anunciada ontem pelo ministro da saúde: uma brutal transferência de rendimentos dos mais pobres (os tais 99%) para os mais ricos! E Portugal que, nos últimos anos, tinha conseguido reduzir um pouco a sua crónica e elevada desigualdade de rendimentos, fruto de políticas sociais que não só resultam, como são necessárias (e sim, estou aqui a incluir o rendimento mínimo!), vai retroceder bastante com este empobrecimento desnecessário.
O que mais me perturba no meio de tudo isto é os senhores que mandam nos quererem fazer passar por parvos. Perturba-me tanto que cada vez mais sinto a vontade de desistir e fugir desta Europa demente, porque a minha filha tem o direito a crescer num sítio em que esperança não seja uma palavra vã.
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