quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Lições de Politíca Económica avulsas

#1

"Não pago bons salários porque sou rico, sou rico porque pago bons salários"
Robert Bosch

#2

The $5-a-day Workday

After the success of the moving assembly line, Henry Ford had another transformative idea: in January 1914, he startled the world by announcing that Ford Motor Company would pay $5 a day to its workers. The pay increase would also be accompanied by a shorter workday (from nine to eight hours). While this rate didn't automatically apply to every worker, it more than doubled the average autoworker's wage.

While Henry's primary objective was to reduce worker attrition—labor turnover from monotonous assembly line work was high—newspapers from all over the world reported the story as an extraordinary gesture of goodwill.

After Ford’s announcement, thousands of prospective workers showed up at the Ford Motor Company employment office. People surged toward Detroit from the American South and the nations of Europe. As expected, employee turnover diminished. And, by creating an eight-hour day, Ford could run three shifts instead of two, increasing productivity.

Henry Ford had reasoned that since it was now possible to build inexpensive cars in volume, more of them could be sold if employees could afford to buy them. The $5 day helped better the lot of all American workers and contributed to the emergence of the American middle class. In the process, Henry Ford had changed manufacturing forever.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Retrato de José, 31 anos, português suave.

O meu nome é José, tenho 31 anos e quis o acaso que nascesse em Portugal. Filho de carteiro e de costureira, neto de sapateiro e de carpinteiro, formado superiormente em economia. Dir-se-ia que vivo um sonho português, mas não. Se meus pais tiveram o arcaboiço para criar 3 filhos e, inclusive mandar um deles estudar para a capital do império, não me vejo com capacidade para tal façanha. Dir-me-ão que os tempo são outros. Dir-me-ão que pertenço a uma geração egoísta que põe os seus caprichos individuais à frente dos projectos familiares. Será, em parte, verdade. Mas direi também que pertenço a uma geração de entalados.

Se os meus pais colheram os frutos do pulo revolucionário que (para o bem e para o mal) agitou este país e conseguiram, porque para isso lutaram, um mínimo de estabilidade de condições de vida dignas, dizem-me hoje que isso são luxos, luxos que conduziram este pais à ruína. A culpa é deles, a culpa é minha, a culpa é de toda esta gente que julgou ser possível ter uma vidinha um pouco melhor, que era possível estudar e ter um emprego melhor, que era possível ter uma casa à qual chamar sua, ter um carro para passear e férias para relaxar, de preferência no estrangeiro, que é mais fino.

Vivo num país de brandos costumes. Houve por aí uns estroinas que julgavam que podiam ter tudo quando o país é pobre e não lhes pode dar nada, mas agora a coisa vai-se compor e a malta vai começar a baixar a bolinha, é a crise! A geração dos meus pais lutou pela liberdade e por construir um país que queriam mais justo e solidário. Ilusões que se foram paulatinamente perdendo. A geração que me precedeu já se encontrava à rasca e, por não se querer calar nem querer deixar que os enrascassem tranquilamente, apodaram-na de rasca. O ADN contestatário foi-se rarefazendo e a minha geração já pouco piou ( mas ainda piou algo) e hoje por hoje, caminha-se para o estado de ovinidade geral. Há muito para entreter a juventude para que estes se preocupem pouco com o seu futuro. Há muito com que entreter os de meia-idade para que estes se preocupem com o seu presente. E há muito pouco com que entreter os velhos, que só olham para o passado.

Disseram-me que estudasse para doutor, que iria ter uma vida boa. Mais tarde disseram-me que trabalhasse, muito, que iria ter uma vida boa. E eu estudei. E eu trabalho. Agora dizem-me que está mal, que não pode ser. Queres ter saúde: Paga. Queres ter formação: Paga. Não és pobrezinho, então tens que pagar, que o tempo das borlas acabou. Pagas, mas continuas a pagar impostos, que isso é que era bom e, cada vez mais, assim, de uma assentada, 35% do que ganhas, entre o que fica logo retido e o que sai à mingua, cada vez que compras um pacote de chiclets. Que é a crise, que o país está de pantanas, que é preciso o teu sacrifício. Os bancos só pagaram 5% do que ganharam? Não vás por aí, sabes perfeitamente que os bancos são indispensáveis ao bom funcionamento pátrio, tu és apenas mais uma peça da engrenagem despesista. E não te esqueças que andas a ganhar uma fortuna, temos que rever isso, a bem da competitividade, temos que rever isso uns bons 20% para baixo, para já só levas -5%, és um sortudo.

Há que cortar, doa a quem doer. Há que flexibilizar ou as empresas não sobrevivem. As empresas que apresentam prejuízos ano após ano e continuam alegremente a proporcionar carros topo de gama às suas altas patentes, ou as que estão constantemente a falir e a reabrir no mesmo sitio, com os mesmos donos, mas com nomes cada vez mais catitas? Lá estás tu com o teu mau feitio, sabes perfeitamente que se recorrem a buracos na lei é porque são tão ferozmente atacadas que não tem alternativa, vê só que até nem tem a hipótese de estabelecer um salário “justo” de mercado, tem mínimos olímpicos a cumprir, não há-de a crise ser o que é com estes luxos.

Fazem tudo isto porque eu mereço. Eu e todos os outros eus, que se indignam fortemente à mesa do café e por ai se ficam, porque o portuga é um gajo moderno e isso de protestar soa a antigamente. É completamente incompatível com o seu belo cargo de IT specialist, ou procurement officer, ou account manager, ou o raio que os parta, mesmo que o respectivo IT manager, ou chief procurement officer ou o Corporate Sales ganhe 25 vezes mais que eles, quando para os seus homólogos britânicos a proporção seja apenas de 1 para 5. Não é cool. Porreiro pá, é dizer que está mal (mas baixinho, não vá alguém ouvir), que é só gajos a mamar, e é a ciganada pá, e é a pretalhada pá,e é a cambada do rendimento mínimo pá, é os funcionários públicos pá, e é tudo pá, que isto do dividir para reinar, jogando roto contra nu é táctica simples e eficaz e ajuda a que os que mandam neste país vai para 140 anos por lá se mantenham, impávidos e serenos a ver passar a permanente crise.

Há cerca de 94 anos dizia o Almada Negreiros ao Dantas que, se todos fossem como ele (o Almada),"HAVERIA TAES MUNIÇÕES DE MANGUITOS QUE LEVARIAM DOIS SÉCULOS A GASTAR." Assim digo eu à corja que nos governa e, sobretudo, aos economistas do medo que os legitimam.

O meu nome é José, tenho 31 anos e alimento o sonho de o meu país ser algo de minimamente decente. Mas está difícil.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Os senhores Doutores

O Senhor Doutor foi consultar os senhores doutores e com justa razão, acrescento eu, que tão grave doença necessita de tão douta sapiência.

Muito preocupados se revelaram os doutores, que assim não pode ser, que mais impostos não dá, há que cortar na despesa e a talhe de foice que esta gente não é de fiar, sorvem o contribuinte que só ver com as suas mordomias escabrosas, qual exercito de vampiros. Receber sem trabalhar, é o que faltava, há por aí muita escada para lavar e salários de luxo é para cortar, que isto 600€ alimenta muito vicio. Não fosse o despesismo desta cambada de inúteis e não tinha o país chegado ao estado a que chegou. E bem falam os doutos doutores que tem conhecimento de causa, senão vejamos:

O excelso Doutor João Salgueiro, além de ter sido Ministro de Estado e das finanças entre 1981 e 1983 foi presidente da Associação Portuguesa de Bancos e, portanto, sabe bem o sacrifício que foi para o sistema financeiro português ter de financiar (passe o pleonasmo) os abusos desta maralha que quis ter casa e carro, só visto.

O excelentíssimo Doutor Eduardo Catroga foi Ministro das Finanças entre 1993 e 1995 e tentou travar este regabofe à custa de penhoras de retretes.

O sábio Doutor Abel Mateus foi Administrador do Banco de Portugal entre 1992 e 1998 e conhece como ninguém o que se desbaratou com tanta loucura despesista.

O putativo paineleiro do Apocalipse, Doutor Medina Carreira, à décadas nos avisa em vão dos nossos desvarios, ou não soubesse ele o que são as finanças do país, ele que foi Ministros das ditas cujas entre 1976 1978.

O loquaz Engenheiro promovido a Economista Luís Mira Amaral, sucessivamente Ministro do trabalho e da Indústria, que posteriormente se dedicou a administrar empresas na área industrial, como a Cimpor, e sabe bem o que o Estado esbanja em construção

O Magnifico Doutor João Duque, que só por não haver justiça neste mundo, ainda não foi ministro, mas que tem dedicado a sua vida a formar os líderes deste país, sabe bem que só a calanzice de todo um povo impede os seus tão bem formados líderes de por o país nos eixos.

Todas estas mentes brilhantes certamente ajudaram a formar no espírito não menos brilhante do Doutor Passos a quasicerteza da necessidade absoluta de não viabilizar o próximo OE. Vá por eles Doutor passos, é tudo gente bem formada, sapiente e sem qualquer sombra de responsabilidade sobre este triste estado de coisas.

domingo, 26 de setembro de 2010