terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ah e tal, é que ele é muito experiente

Diz o Público que há caso numas nomeações para os CTT. Não é coisa que espante ninguém. O compadrio parece ser desporto nacional e ninguém se choca. Todos conhecemos n casos, em diversos contextos da nossa vida empresarial e profissional. Este não deixa de ser o aspecto que mais me entristece no meu país. E para conhecermos um pouco mais a dimensão da coisa, sugiro a leitura deste livrinho

Vai uma aposta?

O juro da divida soberana chegou hoje à tão propalada fasquia psicológica dos 7%. Parece que os "mercados" responderam ao desafio do Teixeira dos Santos: "Vá, vamos lá a ver se têm coragem, vá metam lá os juros a 7% que eu chamo o meu primo FMI e ele parte-vos todos!"

Já bastava o que bastava, não era necessário que o ministro das finanças comete-se o erro de palmatória de anunciar um limite para a intervenção do FMI. A partir dai era só uma questão de tempo até que os movimentos especulativos levassem os juros a superar esse limiar.

Imediatamente as vozes do costume já vieram dizer que agora é que é. Venha o FMI

Querem lá ver que eles não estão enganados? E mais diria, e que tal se especularmos que o ministro não foi tão inapto quanto isto e que afinal isto faz parte uma estratégia muito bem pensada?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Sons de uma vida #1

Mellon Collie and the Infinite Sadness - The Smashing Pumpkins

Corria o ano de 1995 quando os Smashing Pampkins lançaram este seu álbum icónico. Um CD duplo, conceptual, onde se exploram os trilhos da Vida (From Dawn to Dusk) e da Morte (From Twillight to Starlight).
Para um adolescente a amadurecer ideias e concepções de vidas estes foram sons marcantes.

A raiva transbordante de Bullet With Butterfly Wings 



O Lirismo melancólico de Tonignt, Tonight



Ou o retrato do vazio adolescente de 1979



Ou o paixão de Zero







Ou qualquer um das 28 brilhantes canções que compõem este monumento musical.

Aqui fica a lista completa, para memória futura.

Disco 1: Dawn To Dusk

  1. "Mellon Collie And The Infinite Sadness" - 2:52
  2. "Tonight, Tonight" - 4:14
  3. "Jellybelly" - 3:01
  4. "Zero" - 2:41
  5. "Here Is No Why" - 3:45
  6. "Bullet With Butterfly Wings" - 4:18
  7. "To Forgive" - 4:17
  8. "Fuck You (An Ode To No One)" - 4:51
  9. "Love" - 4:21
  10. "Cupid De Locke" - 2:50
  11. "Galapogos" - 4:47
  12. "Muzzle" - 3:44
  13. "Porcelina Of The Vast Oceans" - 9:21
  14. "Take Me Down" - 2:52

Disco 2: Twilight To Starlight

  1. "Where Boys Fear To Tread" - 4:22
  2. "Bodies" - 4:12
  3. "Thirty-Three" - 4:10
  4. "In The Arms Of Sleep" - 4:12
  5. "1979" - 4:25
  6. "Tales Of a Scorched Earth" - 3:46
  7. "Thru The Eyes Of Ruby" - 7:38
  8. "Stumbleine" - 2:54
  9. "X.Y.U." - 7:07
  10. "We Only Come Out At Night" - 4:05
  11. "Beautiful" - 4:18
  12. "Lily (My One And Only)" - 3:31
  13. "By Starlight" - 4:48
  14. "Farewell And Goodnight" - 4:22

domingo, 31 de outubro de 2010

Lições de Politica económica avulsa #2

A tão propalada e apregoada austeridade necessária, que alimentou uma bela telenovela venezuelana a semana passada, explicada na sua simplicidade, por quem sabe. Uma espécie de austeridade para totós




The Watson Institute presents Mark Blyth on Austerity from The Global Conversation on Vimeo.

Via Ladrões de Bicicletas

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Fado

Fugias-me por entre os dedos
Como o tempo que recuso agarrar
Deixava-te sair, abrupta, a rasgar o ar
Dando asas aos meus eternos medos
E se assim cumpres as razões dos teus credos
Saberás por fim que o fim vem sempre no fim

domingo, 10 de outubro de 2010

Entretem-te filho, entretem-te...

Nos idos de 1979, estava eu a inalar as primeiras golfadas de ar e o senhor José Mario Branco, português, 37 anos, escrevia o mais beatnick dos textos contestatários.

FMI - Porque a crise não é de agora



quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A Sorte que eu tenho em não ser rico (ou como a crise afinal até tem as suas vantagens)

BMW faz recall de 350 mil veículos, incluindo Rolls-Royce

A BMW vai proceder à recolha voluntária de 350 mil automóveis a nível mundial por eventuais problemas nos travões. Entre os veículos a recolher contam-se alguns da marca de luxo Rolls-Royce, anunciou esta sexta-feira o grupo automóvel alemão.
Segundo a BMW, que frisa não ter registo de qualquer acidente devido ao problema, em alguns veículos o líquido dos travões passou para a parte hidráulica, podendo afectar a eficácia da travagem e obrigando o condutor a fazer mais pressão para travar.
A falha no sistema de travagem atinge veículos com motores V8 e V12 das séries 5, 6 e 7 da BMW, construídos entre 2002 e 2008, assim como 5.800 Rolls-Royce Phantoms, fabricados de 2003 a 2010.
O grupo não tem ainda uma estimativa dos custos que acarretará a operação.

in Dinheiro digital

domingo, 3 de outubro de 2010

Manifesto dos economistas aterrorizados

Via Ladrões de bicicletas

Associação Francesa de Economia Política (AEFP)

Manifesto dos economistas aterrorizados

Crise e Dívida na Europa:

10 falsas evidências, 22 medidas em debate para sair do impasse

Philippe Askenazy (CNRS, Ecole d’économie de Paris), Thomas Coutrot (Conselho Científico da Attac), André Orléan (CNRS, EHESS, Presidente da AFEP), Henri Sterdyniak (OFCE)

(Tradução de Nuno Serra; Revisão de João Rodrigues)

Introdução

A retoma económica mundial, que foi possível graças a uma injecção colossal de fundos públicos no circuito económico (desde os Estados Unidos à China) é frágil, mas real. Apenas um continente continua em retracção, a Europa. Reencontrar o caminho do crescimento económico deixou de ser a sua prioridade política. A Europa decidiu enveredar por outra via, a da luta contra os défices públicos.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Lições de Politíca Económica avulsas

#1

"Não pago bons salários porque sou rico, sou rico porque pago bons salários"
Robert Bosch

#2

The $5-a-day Workday

After the success of the moving assembly line, Henry Ford had another transformative idea: in January 1914, he startled the world by announcing that Ford Motor Company would pay $5 a day to its workers. The pay increase would also be accompanied by a shorter workday (from nine to eight hours). While this rate didn't automatically apply to every worker, it more than doubled the average autoworker's wage.

While Henry's primary objective was to reduce worker attrition—labor turnover from monotonous assembly line work was high—newspapers from all over the world reported the story as an extraordinary gesture of goodwill.

After Ford’s announcement, thousands of prospective workers showed up at the Ford Motor Company employment office. People surged toward Detroit from the American South and the nations of Europe. As expected, employee turnover diminished. And, by creating an eight-hour day, Ford could run three shifts instead of two, increasing productivity.

Henry Ford had reasoned that since it was now possible to build inexpensive cars in volume, more of them could be sold if employees could afford to buy them. The $5 day helped better the lot of all American workers and contributed to the emergence of the American middle class. In the process, Henry Ford had changed manufacturing forever.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Retrato de José, 31 anos, português suave.

O meu nome é José, tenho 31 anos e quis o acaso que nascesse em Portugal. Filho de carteiro e de costureira, neto de sapateiro e de carpinteiro, formado superiormente em economia. Dir-se-ia que vivo um sonho português, mas não. Se meus pais tiveram o arcaboiço para criar 3 filhos e, inclusive mandar um deles estudar para a capital do império, não me vejo com capacidade para tal façanha. Dir-me-ão que os tempo são outros. Dir-me-ão que pertenço a uma geração egoísta que põe os seus caprichos individuais à frente dos projectos familiares. Será, em parte, verdade. Mas direi também que pertenço a uma geração de entalados.

Se os meus pais colheram os frutos do pulo revolucionário que (para o bem e para o mal) agitou este país e conseguiram, porque para isso lutaram, um mínimo de estabilidade de condições de vida dignas, dizem-me hoje que isso são luxos, luxos que conduziram este pais à ruína. A culpa é deles, a culpa é minha, a culpa é de toda esta gente que julgou ser possível ter uma vidinha um pouco melhor, que era possível estudar e ter um emprego melhor, que era possível ter uma casa à qual chamar sua, ter um carro para passear e férias para relaxar, de preferência no estrangeiro, que é mais fino.

Vivo num país de brandos costumes. Houve por aí uns estroinas que julgavam que podiam ter tudo quando o país é pobre e não lhes pode dar nada, mas agora a coisa vai-se compor e a malta vai começar a baixar a bolinha, é a crise! A geração dos meus pais lutou pela liberdade e por construir um país que queriam mais justo e solidário. Ilusões que se foram paulatinamente perdendo. A geração que me precedeu já se encontrava à rasca e, por não se querer calar nem querer deixar que os enrascassem tranquilamente, apodaram-na de rasca. O ADN contestatário foi-se rarefazendo e a minha geração já pouco piou ( mas ainda piou algo) e hoje por hoje, caminha-se para o estado de ovinidade geral. Há muito para entreter a juventude para que estes se preocupem pouco com o seu futuro. Há muito com que entreter os de meia-idade para que estes se preocupem com o seu presente. E há muito pouco com que entreter os velhos, que só olham para o passado.

Disseram-me que estudasse para doutor, que iria ter uma vida boa. Mais tarde disseram-me que trabalhasse, muito, que iria ter uma vida boa. E eu estudei. E eu trabalho. Agora dizem-me que está mal, que não pode ser. Queres ter saúde: Paga. Queres ter formação: Paga. Não és pobrezinho, então tens que pagar, que o tempo das borlas acabou. Pagas, mas continuas a pagar impostos, que isso é que era bom e, cada vez mais, assim, de uma assentada, 35% do que ganhas, entre o que fica logo retido e o que sai à mingua, cada vez que compras um pacote de chiclets. Que é a crise, que o país está de pantanas, que é preciso o teu sacrifício. Os bancos só pagaram 5% do que ganharam? Não vás por aí, sabes perfeitamente que os bancos são indispensáveis ao bom funcionamento pátrio, tu és apenas mais uma peça da engrenagem despesista. E não te esqueças que andas a ganhar uma fortuna, temos que rever isso, a bem da competitividade, temos que rever isso uns bons 20% para baixo, para já só levas -5%, és um sortudo.

Há que cortar, doa a quem doer. Há que flexibilizar ou as empresas não sobrevivem. As empresas que apresentam prejuízos ano após ano e continuam alegremente a proporcionar carros topo de gama às suas altas patentes, ou as que estão constantemente a falir e a reabrir no mesmo sitio, com os mesmos donos, mas com nomes cada vez mais catitas? Lá estás tu com o teu mau feitio, sabes perfeitamente que se recorrem a buracos na lei é porque são tão ferozmente atacadas que não tem alternativa, vê só que até nem tem a hipótese de estabelecer um salário “justo” de mercado, tem mínimos olímpicos a cumprir, não há-de a crise ser o que é com estes luxos.

Fazem tudo isto porque eu mereço. Eu e todos os outros eus, que se indignam fortemente à mesa do café e por ai se ficam, porque o portuga é um gajo moderno e isso de protestar soa a antigamente. É completamente incompatível com o seu belo cargo de IT specialist, ou procurement officer, ou account manager, ou o raio que os parta, mesmo que o respectivo IT manager, ou chief procurement officer ou o Corporate Sales ganhe 25 vezes mais que eles, quando para os seus homólogos britânicos a proporção seja apenas de 1 para 5. Não é cool. Porreiro pá, é dizer que está mal (mas baixinho, não vá alguém ouvir), que é só gajos a mamar, e é a ciganada pá, e é a pretalhada pá,e é a cambada do rendimento mínimo pá, é os funcionários públicos pá, e é tudo pá, que isto do dividir para reinar, jogando roto contra nu é táctica simples e eficaz e ajuda a que os que mandam neste país vai para 140 anos por lá se mantenham, impávidos e serenos a ver passar a permanente crise.

Há cerca de 94 anos dizia o Almada Negreiros ao Dantas que, se todos fossem como ele (o Almada),"HAVERIA TAES MUNIÇÕES DE MANGUITOS QUE LEVARIAM DOIS SÉCULOS A GASTAR." Assim digo eu à corja que nos governa e, sobretudo, aos economistas do medo que os legitimam.

O meu nome é José, tenho 31 anos e alimento o sonho de o meu país ser algo de minimamente decente. Mas está difícil.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Os senhores Doutores

O Senhor Doutor foi consultar os senhores doutores e com justa razão, acrescento eu, que tão grave doença necessita de tão douta sapiência.

Muito preocupados se revelaram os doutores, que assim não pode ser, que mais impostos não dá, há que cortar na despesa e a talhe de foice que esta gente não é de fiar, sorvem o contribuinte que só ver com as suas mordomias escabrosas, qual exercito de vampiros. Receber sem trabalhar, é o que faltava, há por aí muita escada para lavar e salários de luxo é para cortar, que isto 600€ alimenta muito vicio. Não fosse o despesismo desta cambada de inúteis e não tinha o país chegado ao estado a que chegou. E bem falam os doutos doutores que tem conhecimento de causa, senão vejamos:

O excelso Doutor João Salgueiro, além de ter sido Ministro de Estado e das finanças entre 1981 e 1983 foi presidente da Associação Portuguesa de Bancos e, portanto, sabe bem o sacrifício que foi para o sistema financeiro português ter de financiar (passe o pleonasmo) os abusos desta maralha que quis ter casa e carro, só visto.

O excelentíssimo Doutor Eduardo Catroga foi Ministro das Finanças entre 1993 e 1995 e tentou travar este regabofe à custa de penhoras de retretes.

O sábio Doutor Abel Mateus foi Administrador do Banco de Portugal entre 1992 e 1998 e conhece como ninguém o que se desbaratou com tanta loucura despesista.

O putativo paineleiro do Apocalipse, Doutor Medina Carreira, à décadas nos avisa em vão dos nossos desvarios, ou não soubesse ele o que são as finanças do país, ele que foi Ministros das ditas cujas entre 1976 1978.

O loquaz Engenheiro promovido a Economista Luís Mira Amaral, sucessivamente Ministro do trabalho e da Indústria, que posteriormente se dedicou a administrar empresas na área industrial, como a Cimpor, e sabe bem o que o Estado esbanja em construção

O Magnifico Doutor João Duque, que só por não haver justiça neste mundo, ainda não foi ministro, mas que tem dedicado a sua vida a formar os líderes deste país, sabe bem que só a calanzice de todo um povo impede os seus tão bem formados líderes de por o país nos eixos.

Todas estas mentes brilhantes certamente ajudaram a formar no espírito não menos brilhante do Doutor Passos a quasicerteza da necessidade absoluta de não viabilizar o próximo OE. Vá por eles Doutor passos, é tudo gente bem formada, sapiente e sem qualquer sombra de responsabilidade sobre este triste estado de coisas.

domingo, 26 de setembro de 2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Emporium

Ad Nausem vociferaria, se pudesse, os versos da Nau Catrineta, que diz que tem muito que contar.
Assim tivesse a chance e palraria sem parar.
Era esse o seu gosto, o seu gozo maior. Que ninguém lhe aponte a mudez entre os defeitos.
Esse não era seu, antes a inquietação de fogo-fatos.
E o devir, a balaustrada da fé catita que o agraciava no seu desdém pelas coisas sagradas

domingo, 18 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

SOBRE O ALTRUISMO

Hoje deitei contas à vida. Enquanto me preparava para entregar o boletim preenchido de cruzes às meias-dúzias, dividi uma riqueza que não é minha por imensa gente, mais ou menos querida, mais ou menos próxima. É claro que, o acaso assim o queria, logo que possa chamar essa fortuna de minha o caso muda de figura.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

In the beginning

Eu não sou quem tu desejas


Eu não sou aquele que beijas

Sou um mero pesadelo ou fantasia



Eu sou muito mais que velho

E intimido qualquer espelho

Sou o amigo mais funesto da poesia



Sou um tipo de morcego

Que é completamente cego

Embora, às vezes, seja fã do fritz lang



Sou uma espécie de vampiro

E quando sobre ti me atiro

É para saborear um pouco do teu sangue

Só para beber gota a gota o teu sangue